sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OS DO ANDAR DE CIMA LAMBE-SE A MÃO, OS OUTROS SÃO OTÁRIOS

Em maio de 2009, em Manguinhos, Rio de Janeiro, o governador do estado chamou de otário um menino negro, pobre, morador da comunidade. Chamou-o de otário por mais de uma vez. Evidentemente não sabia que estava sendo filmado. O governador é um ser midiático: suas reações dependem do registro. Se há câmera ele chora, bate pezinhos, revira os olhinhos. Se não há, viva a boçalidade. Não se sabe se o governador não gosta de preto, ou não gosta de pobre, ou só não gosta que se diga alguma verdade. Ou se da conjunção das três. Do que se pode estar certo é que o governador deve estar revirando os olhinhos neste início de verão. Mesmo sem registro de mídia. Afinal, os otários costumam morrer no verão.

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